Sem perder a essência romântica, Victor e Leo propõem renovação musical no disco Viva Por Mim
Victor e Leo: irmãos continuam apostando no romantismo no seu novo CD, Viva Por Mim |
Uma renovação musical, mas sem perder a essência do romantismo, marca
registrada deles. O novo disco de Victor e Leo, Viva Por Mim, traz um
som carregado de influências de soul e pop, hard rock, black music,
r&b, com partes eletrônicas, guitarras, teclados e o bom e velho
violão. O 11º álbum marca a estreia deles pela gravadora Som Livre e
conta com as participações das duplas Bruno e Marrone e Jorge e Mateus e
de Almir Sater. Outra novidade do trabalho é na produção, dessa vez
comandada por Leo.
Nas composições das 13 músicas do álbum, Leo assina oito em parceria com
outros artistas – algo que era exclusividade de Victor. Uma curiosidade
é que ele começou a compor há apenas três anos. “Foi algo que aconteceu
naturalmente, comecei a sentir essa necessidade de transpor as minhas
vivências e emoções para o papel. Aflorei esse meu lado e vou continuar
compondo muitas outras”, disse ele em entrevista por telefone ao
Popular.
Em conjunto, a dupla fez as canções O Tempo Não Apaga e Faz Bem Se
Apaixonar. A primeira foi composta no camarim de um show em Santa
Catarina. Victor fez os arranjos e o irmão caçula começou a escrever.
Ambos a finalizaram em 30 minutos. Já Victor assina sozinho Nem Sei, que
começa em clima folk até ganhar o toque da guitarra, e O Que Tens, bem
romântica, sobre um cara apaixonado. Foge à regra a animada e
despretensiosa Conheço Pelo Cheiro.
Outra composição de Victor é Tudo Bem, que faz uma exaltação à vida
simples no campo e que ganha ainda mais tradição na parceria com a voz e
a viola de Almir Sater. É a única com uma pegada raiz, o que mostra
certo distanciamento do sertão, temática forte em outros trabalhos como
Borboletas (2008) e Boa Sorte Pra Você (2010). A redução dessa vertente
na discografia deles talvez seja a única crítica ao álbum.
Sucesso:
Ainda desfrutando do sucesso do último álbum, em setembro, Victor e Leo
receberam a notícia de sua quinta indicação ao prêmio Grammy Latino, que
será entregue no dia 21 de novembro, em Los Angeles (EUA). Os irmãos
concorrem na categoria melhor álbum sertanejo com Ao Vivo em Floripa
(2012).
A primeira faixa do recém-lançado disco Viva por Mim não é composição da
dupla. Na Linha do Tempo, a mais tocada durante sete semanas seguidas
por todo o Brasil neste semestre, é assinada por Marcelo, da dupla
goiana João Lucas e Marcelo, e por Sérgio Porto. A letra chegou até eles
em uma melodia de reggae e por pouco não acabou ficando de fora do
disco.
“Eles a mandaram para mim em voz e violão, um reggae. Quando ouvi gostei
muito da essência da música, da letra, mas não curti a levada, o ritmo.
Entrei para o estúdio e comecei a experimentar em forró, em acústico
mais romântico e a música não virava, cheguei até a desencanar dela,
achei que não ia rolar. Mas, quando resolvemos experimentar um piano,
foi um casamento perfeito”, lembra Leo, que na sua safra inclui ainda
uma canção de moldura pop, Tudo Com Você, uma das mais animadas do
álbum.
Álbum: Viva Por Mim
Artista: Victor e Leo
Gravadora: Som Livre
Preço: R$ 19,90
Parcerias ilustres no disco
O disco Viva Por Mim conta com participações especiais de Almir Sater (Tudo Bem), Bruno e Marrone (Eu Vim Pra Te Buscar) e Jorge e Mateus (Guerreiro). Esta última, com o tema futebol, é providencial para 2014, ano de Copa do Mundo. “São músicos de três gerações diferentes”, diz Leo.
Sater estava no toca-discos da dupla desde a infância e é influência
declarada. Bruno e Marrone fizeram parte do repertório da dupla mineira
no início da carreira, quando eles tocavam nos bares, além de ser uma
parceria sempre muito pedida pelos fãs.
Já a parceria com a dupla goiana Jorge e Mateus representa a nova
geração, posterior à de Victor e Leo, e a canção escolhida para ser
gravada ao lado deles tem uma pegada mais dançante. “São artistas com os
quais nunca tínhamos feito nada juntos e ficamos muito satisfeitos com o
resultado”, avalia Leo.
Pitadas do novo disco serão apresentadas aos goianos no dia 8 em show em
Rio Verde, a 232 quilômetros de Goiânia. “Vai ser muito bacana voltar a
Goiás. A afinidade que temos com o público daí é impressionante. Um dos
primeiros lugares em que ficamos conhecidos foi aí. E quando vamos para
o Estado usufruímos dessa energia e sinergia que temos com os goianos”,
declara Leo.
Entrevista/Leo
“Queremos remodelar um pouco nossa história”
A música Na Linha do Tempo já é a mais tocada durante sete semanas seguidas em todo o Brasil. Como você avalia essa boa repercussão imediata ao lançamento do álbum Viva por Mim?
Acho que vai muito pela originalidade da música, pela personalidade que
ela traz para o mercado em uma época que só se cria um tipo de música no
Brasil e você chega de repente com uma coisa totalmente nova, com
influência meio black music, totalmente romântica. É uma coisa nova para
o mercado e acho que as pessoas estão buscando isso. Além disso, é uma
música que tem uma mensagem bacana e uma letra bonita.
Como essa música chegou até vocês?
A música não é minha, é de um compositor daí de Goiânia, o Marcelo, da
dupla João Lucas e Marcelo, e do Sérgio Porto. Eles a mandaram para mim
em voz e violão, um reggae, quando ouvi gostei muito da essência da
música, da letra, mas não curti muito a levada, o ritmo. Então, entrei
para o estúdio e comecei a experimentar em forró, reggae, em acústico
mais romântico e a música não virava, cheguei até a desencanar da
música, achando que não ia rolar. No terceiro dia resolvemos
experimentar um piano e foi um casamento perfeito. Quando fizemos o
clipe acreditamos que poderia ser a música de trabalho, pela força dela.
Como surgiu a ideia da parceria com o Bruno e Marrone, com o Jorge e Mateus e com o Almir Sater?
Isso surgiu muito naturalmente dentro do estúdio. Quando estava
produzindo o disco, envolvido praticamente o dia inteiro com o trabalho e
fazendo os arranjos de todas essas músicas, sempre ouvia e falava:
“essa (Guerreiro) combina com o Jorge e Mateus”, “essa outra (Eu Vim Pra
Te Buscar) com o Bruno e Marrone...”. O Almir Sater é uma grande
referência, um artista dentro do folk, da música sertaneja de raiz, área
na qual nós sempre estivemos. Então, quando a gente ouvia a músicaTudo
Bem, o imaginamos cantando a letra. São artistas com os quais nunca
tínhamos feito nada e ficamos muito satisfeitos com o resultado.
A dupla compõe, produz, arranja, dirige, toca e interpreta. Como foi o processo de produção deste novo disco?
Eu não era de compor. Não tinha costume de escrever. Comecei a compor há
três anos. Nas últimas férias de janeiro e fevereiro, experimentei
algumas coisas de produção, arranjos das minhas letras e tentei fazer
virar melodia, virar música. Deu certo, fiz uma, duas, três, quatro,
mostrei para o meu irmão e a sonoridade começou a tomar um rumo
diferente. O Victor gostou e disse que eu deveria continuar produzindo o
disco, porque, se ele fizesse junto, ficaria uma coisa heterogênea e
preferimos algo homogêneo. Acho bacana. Gostei e continuei produzindo,
me dediquei de fevereiro a agosto a esse projeto sempre trocando ideia
com meu irmão, ele sempre opinando, entrando junto no estúdio. Em 21
anos cantando juntos, temos muito um do outro. Primeiro teve o processo
de pré-produção, depois a gravação com a banda e por último colocamos a
voz.
Qual a expectativa em relação ao novo trabalho Viva por Mim?
Temos uma expectativa excelente porque as pessoas estão absorvendo bem,
entendendo o que a gente faz. É um disco ousado, muito original. Ele
traz influências do hard rock, r&b, rock britânico, black music,
traz muitas coisas novas que a gente ainda não tinha mostrado tão
claramente assim em outros trabalhos. As pessoas estão gostando,
compreendendo nossa sonoridade, nossa mensagem. Considero um trabalho
diferente. A expectativa é que a gente consiga repaginar, remodelar um
pouco nossa história dentro da música. Essa é a intenção.
Em tempos que as letras animadas do sertanejo universitário estão em
alta, vocês continuam apostando em canções românticas. Esta é a fórmula
do sucesso de Victor e Leo?
Isso é a essência do Victor e Leo. Gostamos da música sertaneja de raiz,
que sempre esteve presente na nossa trajetória, e o romantismo
misturado com outros ritmos, outras praças musicais. Acho que vai
continuar sendo assim. Encaro o sertanejo universitário como uma
evolução, modernização do gênero. Acho isso natural e vejo de maneira
positiva. Para mim, o rótulo de música universitária é simplesmente um
rótulo, está tudo inserido dentro do segmento. O ritmo sempre teve essas
vertentes, músicos que faziam letras mais alegres, dançantes e
festivas, e outros que optaram pelo romantismo, com o lado mais bucólico
e rural inserido. Respeito todo mundo.
Essa diversidade de estilos dentro do próprio gênero te agrada?
Acho bom, principalmente por causa do público, você tem uma diversidade
de estilos para curtir, tem gente que vai gostar de uma determinada
vertente, porque é mais enraizada, outros vão gostar de um lado mais
romântico, outros vão gostar de uma vertente mais festiva, dançante e
acho isso muito saudável.
Você agora começou a escrever ,o que antes era uma tarefa somente do
Victor. De onde vem a inspiração para compor canções tão românticas?
Aconteceu naturalmente, comecei a sentir essa necessidade. Isso aí são
vivências. Situações que eu vivi no passado ou atualmente. Acho que é
uma forma de transpor minhas emoções e sentimentos para o papel. Às
vezes me inspiro até em situações de outras pessoas. Mas sempre voltado
para o lado romântico.
Como é serem artistas tão multifacetados? Como conciliam tudo isso com a vida pessoal?
É um pouco complicado. Tenho dois filhos e minha esposa, uma família.
Minha agenda é muito cheia e a gente viaja muito numa rotina
desgastante, mas tento tornar mais intenso os momentos que consigo estar
com eles. Tento intensificar esses períodos para suprir minha ausência.
Mas, quando estou de folga, estou sempre junto com eles, não abro mão
disso.
FONTE: O Popular.