Listamos três poesias de Victor Chaves para te inspirar durante a semana. Compartilhe com um amigo as palavras e o deseje uma ótima semana! :)
Sombra e sol(Victor Chaves)
Os olhos na penumbra
Que verão melhor o que há de vir
E as palavras ao sol
Que muito dirão sem a boca se abrir
Guardarei na luz ardente
De um poente, quando se entrega
Na paz macia e velada
De cor sombria ensolarada
Quase muda, quase cega
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Diálogo sobre sardade(Victor Chaves)
_Ô, Zé, daquela que bate fundo, desfaz o mundo, alonga segundo e dá até em vagabundo, é de que tipi?
_Ah, dessa, é sardade profunda matadêra.
_E daquela que dá em sonhadô, tira o dispô, vira os zói do dotô e faz da gente bebedô, em curriquêro chororô?
_Dessa daí, eu sei eu, que é das profunda tamém, e matadêra.
_Zé, e daquela que a gente sente só a farta da presença, de mão dada com ausênça, na inocença da crença que intorta doença, sem carença de clemença, que bate até macia, nem se anuncia e judia, mas é até mêi que alegria? Alegria de lembrá de quem num tá. Sabe, Zé? De que tipi é aquela sardade que a gente qué matá, mas sem muita precisança, prosquê deve do ôtro querê por de merma confiança, que morra tamém a que a gente tem, sabeno que morrê morrida de morte morta mermo, ah, essa num vai morrê é nunca? Prosquê até pode quetá, mar começa de novo na hora da hora de chegá a hora de se dispegá. Essa tamém é das profunda matadêra?
_Né não. É só sardade mermo. Sardade verdadêra.
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O sol(Victor Chaves)
Oh, sol atilado
Que arvora capitulando o dia
Onde corroboram-se canções
De letras imunes a más melodias
Ouço seu ciciar
Onde até o abjeto é bonito
Por entre as nuvens que lhe espoliam
No erigir de seu rito
Sua compleição
Inspiradora de enfadonhos deísmos
E soberana dos seres encarquilhados
Fere com afinco os egoísmos
E assim é sua missiva
Que não se tolda com peneiras
Epifânica e frugal por matiz
De verve atroz e sombras matreiras